FLÁVIO FEUSER – MORRER PARA ENCONTRAR A VIDA

 

(09/09/2024) “O vovô vai ficar aí? Nunca mais eu vou ver o meu vovô?” Essas perguntas do netinho do Flávio Feuser, feitas hoje, após o sepultamento do seu avô, é daquelas que deixam a gente assim à procura das melhores palavras para responder... e isso não é tarefa fácil.

Toda a comunidade de Vargem do Cedro foi sacudida, no último sábado, feriado nacional de Sete de Setembro, com a notícia do passamento de um membro da comunidade. O acidente motociclístico ocorrido num dos trevos de Tubarão, quando se dirigia a Ibiraquera, visitar sua irmã Marlene, que estava de aniversário, e seu cunhado Luiz Jorge, lhe foi fatal. Não deve ter sido nada fácil para a esposa Maria Madalena, enfermeira de profissão, acostumada a enfrentar situações complicadas, ter que dirigir-se às pressas para o Hospital de Tubarão a fim de encontrar seu esposo que, logo veio a falecer.

Informações desencontradas foram se espalhando pelo Distrito, até que, realmente, o óbito foi confirmado. Logo a notícia chegou ao celular da filha que mora em Dublin, na Irlanda, onde constituiu família. Também o filho Joel foi comunicado da tragédia.

Nascido no Distrito, no dia 27 de outubro de 1963, Flávio iria celebrar 61 anos de idade no próximo mês. Estava bem de saúde e, diariamente, era visto pilotando sua moto vermelha. Em tempos idos, ele mantinha um bar ali junto da casa onde residia com sua esposa e alguns cachorros. O local era ponto de encontro dos amigos, onde se conversava de tudo: desde os trabalhos no campo e no mato, quanto de futebol e, claro, de política. Porém, os filhos cresceram e seguiram seus rumos, e ele passou a dedicar-se a outros trabalhos.

Na funerária, realizados os devidos procedimentos, iniciaram-se os funerais. Na Capela Mortuária da Casa São José, em Vargem do Cedro, aconteceu o velório a partir das 22h deste domingo, 08, que avançou durante toda a madrugada.

Muitos amigos e familiares se reuniram para manifestar suas condolências, especialmente para a Celebração de Exéquias, ocorrida na matriz São Sebastião, nesta manhã de segunda-feira.

Pe. Wilmar Feuser, irmão da viúva, presidiu a cerimônia, que foi concelebrada pelos seus confrades Pe. André Borges e Pe. Eurico, do Santuário de Gravatal, e pelo Pároco, Pe. Auricélio Costa. Vários fiéis assumiram as funções litúrgicas para ajudar a assembleia a celebrar a esperança cristã.

No Evangelho, todos ouviram Jesus afirmar: “É interesse do Pai que toda pessoa que crê no Filho tenha a vida eterna e Eu o ressuscitarei no último dia”.

À pedido do presidente, o Pároco iniciou a homilia.

Em comunidade, crescer na fé. 

“Há dez anos, quando assumi a missão como Pároco, a Igreja me confiou (e eu deverei dar contas disso, um dia) a cura das almas das pessoas que viviam e vivem nesta Paróquia. Então, já agora, gostaria de pedir perdão a Deus porque, talvez, eu não tenha conseguido oferecer ao seu Flávio mais do que a minha amizade. Conversamos em certas ocasiões e sorrimos juntos. Gostaria que ele estivesse aqui na igreja em outra situação, como naquelas celebrações festivas e nas tantas oportunidades que temos para cultivar a nossa fé. É, certamente, muito doloroso celebrar o passamento de um irmão cuja vida foi colhida tão cedo, inesperadamente, trazendo consternação para toda a família e à comunidade.”

Deus tem uma Palavra para nós. 

“Portanto, se a morte, a amizade e a fraternidade nos reúnem aqui, neste momento tão crucial da existência dele, – porque a morte também é um dado existencial e antropológico muito importante – a Palavra de Deus, que acabamos de ouvir, veio tocar o nosso coração e dar-nos um norte para nossa vida. A Palavra hoje proclamada já não é mais para o Flávio. Muitas vezes Deus se comunicou e buscou comunicar-se com ele. Mas, especialmente, a Palavra diz respeito a nós que ainda estamos peregrinando nesse mundo, e não sabemos quando será que a nossa jornada irá terminar; talvez numa dessas estradas por onde andamos. Foi numa das estradas da vida que o nosso amigo encontrou-se com a morte (e com Deus!).”

Sempre seremos Seus filhos. 

“O texto de São Paulo nos questionou: ‘quem pode nos separar do Amor de Deus?’. Não é mera questão retórica. Trata-se do Amor oferecido pelo verdadeiro Pai. Aliás, foi nobre a atitude de vocês de adiarem um pouco o sepultamento, para que toda a família pudesse estar junta, reunida. Foi um belo sinal para todos nós.  Quando Deus olha para nós, Ele vê apenas filhos e filhas. E, assim como ocorre em nossas famílias, às vezes os filhos não correspondem a tudo aquilo que os seus pais esperavam; porque, embora tenham brotado de seu coração (no caso de adoção) ou biologicamente, na verdade, eles têm vida própria e seguem os seus próprios caminhos. Contudo, bem pode valer a lembrança daquele adágio popular: ‘o fruto não cai longe do pé’. Portanto, todo o amor que os pais devotam aos filhos, nunca é em vão.”

Amor sem fim. 

“Como nos ensinou o Apóstolo, não obstante nossos pecados, também Deus continua a amar-nos e nada pode nos separar deste Amor imensurável, maravilhoso, verdadeiro, sincero, puro... Nem mesmo quando nós Lhe somos infiéis, e até negamos Sua existência, e rejeitamos Sua Palavra, Sua religião... ‘nem a morte pode nos separar desse Amor’!”

Nosso testemunho de amor. 

“Por outro lado, existem coisas, sim, que podem nos afastar da comunidade de fé, que é a Igreja, chamada a ser no mundo sinal do Amor de Deus. Há muitos fatores que podem nos distanciar ou nos trazer um sentimento de estarmos separados de Deus, por conta das mediações humanas, isto é, de nossas fraquezas enquanto cristãos, famílias, sociedade... Às vezes, deixamo-nos levar por certas ideias que vão nos afastando uns dos outros, e daqueles valores que nossos pais nos transmitiram, vivendo uma religião sem fé, sem compromisso batismal, distantes dos Sacramentos e da vida de Igreja... E acabamos nos afastando do Amor de Deus que se manifesta em tudo isso que Ele deixou para nós como herança.”

Atrair pelo amor. 

“Jesus enviou sua comunidade apostólica, chamada Igreja, a todo o mundo, a fim de que ela se espalhasse, dando continuidade à construção do Reino. Então, a ocasião do passamento do seu Flávio é oportunidade para nos questionarmos sobre como temos sido sinais do Amor de Deus. Nossas atitudes de desamor, coisas que não foram bem compreendidas e resolvidas, até no âmbito familiar ou com a vizinhança, podem gerar um esfriamento na fé.

Entretanto, o Amor de Deus é sempre pleno e eternamente oferecido em favor dos seus filhos e filhas. Aliás, isso acontece a todo instante nos altares, mundo afora. Diariamente, Ele vem até nós para nos abraçar amorosamente. Não podemos mais ter atitudes de crianças mimadas ou birrentas, e sim deixarmo-nos amar, para que ao chegar o momento do encontro definitivo com Ele, passando pela morte, O reconheçamos como Pai e nos lancemos em seus braços de ternura.”

Chamados a amar. 

“Jesus continua a doar-se por nós para que ressuscitemos. Não fomos feitos para o cemitério. O que é da terra, lá ficará. Mas o nosso destino final é o Céu! No dia-a-dia, enquanto vivermos, deixemo-nos amar por Deus e sejamos testemunhas desse Amor. Sempre é tempo de retornar à intimidade com Jesus e para a vida em comunidade, onde o Coração de Deus pulsa!”

Dirigindo-se aos fiéis que lotavam a matriz, Pe. Wilmar lembrou: 

“Ao sermos batizados, recebemos a visita da Santíssima Trindade. Lembremos de nossos pais e padrinhos que nos transmitiram a vida, os valores sociais e a educação religiosa.”

Os estágios da vida. 

“Recordo do Pe. Sérgio Hemkemeier, falecido recentemente com mais de cem anos. Ele nos ensinava que a vida possui quatro estágios. O primeiro, diz respeito à nossa existência no pensamento de Deus, desde toda a eternidade. O segundo, são aqueles meses de nossa gestação no ventre materno. O terceiro, é o período que vivemos neste mundo. O quarto e último estágio, é a nossa vida eterna. O Flávio teve 60 anos para preparar este estágio derradeiro.” 

O amor abre as portas do Céu. 

“O testamento de Jesus é ‘amai-vos uns aos outros, como Eu vos amei’. Quem ama, não julga e não condena. Quem ama, reza pelos seus irmãos. É o que estamos fazendo aqui, a fim de morrermos paras coisas que não nos aproximam de Deus; e ressuscitarmos para as coisas de Deus. Vida terrena e vida eterna. Precisamos alimentar-nos do pão material para o corpo, e o alimento espiritual para a alma. Eles nos ajudam a nos mantermos equilibrados.”

Depois da celebração, os fiéis acompanharam o féretro até o Cemitério São Sebastião. Lá houve um momento de orações e canções. Naquele momento, já não havia muito o que falar, a não ser, em silêncio, cumprimentar as pessoas, apertar-lhes a mão, tocar-lhes no ombro, dar-lhes um abraço fraterno, permanecer junto delas...

Quanto às perguntas do único netinho do seu Flávio, que era o brilho dos olhos do avô, talvez por algum tempo acreditará que seu vovô transformou-se em estrelinha lá no céu... Mas, ao poucos, aprenderá que Jesus, um dia, lá na sua Casa Celestial, nos reunirá a todos novamente. E será uma festa sem fim!


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