(12/11/2024)
Não posso dizer que não eu havia sido avisado. Pois, na orelha da obra e na sua contracapa, o editor já havia feito um convite inusitado:
“descubra o seu desejo mais escondido em personagens que vão da inocência à psicopatias sociais que mexem com o nosso modo de ver o mundo”.
Isso despertou em mim
certa curiosidade que foi contida com um pensamento: ah, tal provocação faz jus
à primeira palavra do título da obra, ‘Provocações
que Transformam’ (Casa Editorial Casa/Inside, Curitiba, PR. 2024. 88p).
Contudo, eu ainda não havia compreendido o sentido da segunda palavra, e isso
me causava perplexidade.
Arnaldo Mendonça
de Limas já publicou vários contos e poesias em coletâneas com outros
escritores. Tenho agora em minhas mãos seu primeiro e tão sonhado livro; aliás,
sonho compartilhado com sua esposa Carla e família.
Tomando ciência
da obra, observo a foto da capa: mãos postas, aparentemente em prece, sendo que
uma delas está envolta num terço. Essa imagem me levou a pensar que o livro
conteria textos de orações, talvez poesias ou meditações bíblicas. Afinal, o
escritor é um Diácono da Igreja!
Mas fiquei intrigado com a cor escura do papel que, no geral, estava em harmonia com a capa (amarronzada) e o estilo de letras escolhido para registrar os títulos dos 15 contos. No prefácio assinado pelo escritor Maurício de Oliveira Silva que, assim como Arnaldo, é um ‘imortal’ da Academia de Letras do Brasil – Santa Catarina, da seccional Laguna, lê-se que a obra trata de
“dramas familiares, situações paranormais, romances e relatos, tanto verídicos quanto ficcionais... (o autor) nos faz refletir sobre nossas buscas e devoções, bem como o sentido da vida e da liberdade...”.
Repassei,
cuidadoso, os olhos pelo Sumário, lendo cada um dos títulos dos contos,
buscando certa coerência entre eles. Ficou evidente que uma grande variedade de
temas seriam abordados. Então, decidi que o leria assim que possível. Tomei-o
na escrivaninha e o guardei na minha pasta de trabalho.
A ocasião para a
aventura literária surgiu quando precisei levar o carro da Paróquia à
Concessionária e que teria que esperar duas horas até que a Oficina liberasse o
automóvel. Levado a uma sala de espera, lugar tranquilo, convidaram-me a sentar
numa poltrona confortável, ao lado de uma mesinha onde havia, inclusive, uma
garrafa térmica com café fresquinho. Eu não precisava de mais nada,
permitindo-me o lazer.
Guardei o
celular, retomei o Arnaldo que estava na pasta. Novamente, observei o livro e
pensei comigo: “Vamos lá, Diácono! Quero
conhecer suas estórias!”.
Logo no primeiro conto, ‘A Busca’, acompanhei entusiasmado a experiência do jovem Gael que procurava Deus ‘lá fora’, até encontrá-Lo escondido bem ali, dentro de si mesmo, provocando uma revolução existencial em sua vida. Identifiquei-me com o Pe. Leno que se tornou um Promotor Vocacional.
A história da adolescente Maria
e sua revolta com o próprio nome teve um desfecho que me surpreendeu. ‘Passional’
é um conto que me deixou confuso; precisei tomar mais um cafezinho. Eu nunca
poderia imaginar o quão decisivo e fatal pode ser a simples escolha da cor de
um esmalte.
Arnaldo tece
seus contos de um jeito simples, interligando pontos e parágrafos, com ideias e
soluções envolventes. As narrativas são temperadas com emoção: a Lucy que ama
um maquinista de trem, o Adauto que reencontra seu irmãozinho, a amizade entre
o picolezeiro (vendedor de picolés) e o Boto Chinelo...
Embora o
escritor seja paulistano, está plenamente inculturado em Laguna, onde cresceu, constituiu
família e sua vida profissional. Nos seus textos encontramos as paisagens
locais: Morro da Glória, Praia do Gi, Docas, os famosos botos de Laguna, a
Pedra do Frade, a Maria Fumaça...
Arnaldo situa
seus contos em vários contextos luso-açorianos, peculiares de Laguna e do
litoral catarinense. Revela um sincretismo religioso que, de fato, também é
muito conhecido na antiga Capital Juliana.
Agente pastoral que é, juntamente com sua querida esposa, Diácono Permanente e grande evangelizador, o escritor deixa transparecer neste ou naquele conto seus valores morais e religiosos.
“Desejo ir para o Céu, e você? Os que tiverem olhos atentos, que vejam; e os que possuem ouvidos sensíveis, que escutem” (em ‘A Pedra do Céu’).
Além de sua
capacidade de criar fantasias, Arnaldo revela poesia, grande sensibilidade para
as questões humanas, reverbera dores e inquietações existenciais, brinca com
seus leitores (e tenho certeza que ele se diverte com isso!), provocando-lhes
muitas perguntas.
Por fim, no meu
entender (pois não sou crítico literário), o livro ajuda-nos a termos mais
empatia e sensibilidade com as realidades das pessoas, mais encanto com o jeito
simples de viver e, entre tantas outras considerações, acreditar que não possuímos
o domínio de tudo. Somos seres que transcendem a própria materialidade, pois
fomos feitos para o Reino de Deus revelado por Jesus, fundado no Amor e na
Justiça, e que podemos nos permitir brincar um pouco e até fazer jogo com as
palavras.
A simpática
atendente veio avisar-me que o nosso carro estava liberado. Concluí a leitura
do último conto. Respirei fundo, olhando ao meu redor. Parecia que eu mesmo
havia sido ‘abduzido’, como numa das estórias do Arnaldo. Guardei o livro. Tomei
meu último cafezinho (cortesia da loja). Em seguida, voltei pra casa com a
mente povoada de tantos personagens que me fizeram companhia durante a longa
espera.
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