PARA CELEBRAR O 1º DIA MUNICIPAL DA POESIA, CASA DA CIDADE ACOLHE POETAS, ESCRITORES E LEITORES


(24/09/2025) O ‘Chá com Poesia’ promovido pela ACATUL e pela Fundação Municipal da Cultura, foi o jeito mais ‘poético’ escolhido para celebrar o 1º Dia Municipal da Poesia. A Lei foi sancionada no início deste mês, acatando proposição do Prof. Maurício da Silva e seus companheiros vereadores de Tubarão. E prevê a sua celebração anual, sempre nesta data, como uma homenagem à grande (mas ainda desconhecida) poetisa tubaronense Alice Cardoso de Jesus, recentemente falecida.

Por isso, no final da tarde desta quarta-feira, muitos poetas, escritores e leitores se congregaram na Casa da Cidade, bem no centro de Tubarão. Coube à Profª. Marilene da Rosa Lapolli, Presidenta da Academia Tubaronense de Letras, acolher os presentes e conduzir o evento.

Já na sua fala inicial, comentou a respeito de sua emoção com a realização de mais um ‘Chá com Poesia’ e a importância da valorização da Poesia, da Literatura em geral, de tornar conhecidos os poetas da cidade e de ter um espaço para o fomento da Literatura. Recordou alguns trabalhos realizados pela Academia e dos bons frutos de parcerias realizadas com instituições como escolas e a Fundação Municipal. 

“Queremos continuar desenvolvendo ainda mais o trabalho junto às Escolas, pois a Academia também realiza oficinas com escritores mirins. Nossos confrades têm grande formação (inclusive doutoras em Língua Portuguesa, em Literatura, em Escrita Criativa) e nós podemos dar uma grande contribuição. Sabemos que existem muitas dúvidas sobre o que é poesia, o que é poema, o que é prosa poética. Enfim, temos contribuído até aqui e, para o ano, pretendemos alargar ainda mais nossas atividades, ainda mais agora, com o fomento do Dia Municipal da Poesia.”

Ao longo do evento, houve homenagem ao acadêmico Dr. José Warmuth, mensagem do Prof. Maurício da Silva, depoimentos de Lúcia e Luiz, sobrinhos da poetisa Alice de Jesus, além da declamação de um poema da homenageada, feita pelo poeta Gilmar Corrêa, que foi seu confrade na Academia Sul Catarinense de Letras.

Graças aos projetos desenvolvidos pela ACATUL e professores de Língua Portuguesa nas escolas, surgiram alguns poetas que, nesta tarde, puderam participar do ‘Chá’. Um deles é o Henrique, do Colégio Coração Feliz, de Capivari de Baixo, e que cursa o Ensino Médio. Ele utilizou uma linguagem poética para escrever um texto e participar do 54º Concurso de Redações do Correio do Brasil. A tarefa consistia em escrever uma Carta dirigida aos Humanos da Terra dando voz ao Oceano, solicitando melhor preservação. A Carta premiada foi lida pelo seu autor.     

Prezados senhores, poderosos da humanidade.

Certa vez, o poeta português Fernando Pessoa escreveu: ‘Deus ao mar, o perigo e o abismo lhe deu, mas nele é que espelhou o céu’. Isto é, não obstante os meus aspectos assustadores, curtos e grossos, e o meu temível tamanho, que se estende de canto a canto do planeta, e todos os monstros e profundezas desconhecidas que em mim habitam, a minha importância para o mundo, tal como a minha sublime beleza, seja na cristalinidade, seja na opacidade de minhas águas é, portanto, razão nobre pela qual clamo pela minha preservação da parte de Vossas Excelências, e que a sua espécie coloque em prática, imediatamente. Esta Carta nada mais é do que uma súplica, um pedido de misericórdia e, em último caso, um aviso.

Minha primeira súplica é, portanto, que pesquem menos. Há eras que a sua espécie pratica pesca de forma prejudicial. Contudo, desde a vinda dos novos tempos e a utilização de artifícios avançados, sofro demasiadamente. Seus navios pescadores ameaçam de extinção os peixes que em mim habitam, causam um grande rastro de poluição em meu estômago, deixando redes, cordas e arpões soltos em mim, óleo combustível e tudo isso faz grande mal a mim e à vida local.

Acredito que esses que leem a minha Carta são os que têm autoridade de fiscalizar e proibir a pesca e as práticas estressantes, assim como têm autoridade de explodir o mundo com o apertar de um botão.

A minha segunda súplica e que parem de me poluir e de descartar lixo em mim. Muitos desses resíduos que vêm para mim, causam dor e sofrimento a tantos de meus filhos, pois chegam aos rios e esgotos, descartados por grandes navegações ou, então, acumulados nas praias.

Grande parte do lixo vem do descuido de sua espécie. Portanto, senhores das terras, gentilmente lhes peço que se imponham e resolvam os seus problemas como dignos habitantes deste planeta, pelo bem de toda a humanidade e de toda a natureza. Não sejam poderosos covardes e mesquinhos que pensam apenas em si próprios e sacrificam os seus iguais e o seu lar.

A minha terceira súplica é que parem com meu aquecimento e, consequentemente, com o aquecimento de minha Mãe Terra. O principal ser vivo que sofre com o aquecimento são os recifes de corais, que acabam sendo esbranquiçados e mortos, afetando o restante da biodiversidade local. Com a morte dos corais, os seres humanos também são afetados, já que os corais lhes oferecem serviços como pesca e turismo, além de serem importantes para regular o clima.

Portanto, esse problema, assim como outros inúmeros, resultantes do aquecimento global, podem ser tratados ou prevenidos por governantes com ações como tornar obrigatório o uso de catalizadores nos escapamentos de automóveis, instalar sistema de controle de emissão de gases poluentes nas indústrias e ampliar a geração de energia através de fontes renováveis.

Com essas providências, a sua espécie, assim como eu e toda a natureza, estarão mais perto de um futuro mais saudável e ecológico.

Por fim, afirmo que existe uma relação de interdependência entre a sua espécie e eu, já que você depende de mim para a sua sobrevivência e eu dependo de vocês para minha preservação.

Sylvia Early, renomada na área que estuda a mim, disse ‘sem azul não há verde’. Desta forma, me conservar significa não apenas melhorar a qualidade de vida de meus habitantes, mas também melhorar a qualidade de vida de sua espécie e o futuro de suas sociedades.

Espero, com otimismo, que os tempos futuros sejam melhores, tanto para a humanidade, quanto para a minha saúde e a de minha mãe Terra.

Gentilmente, o febril Oceano.

Da Escola Adventista, de Tubarão, apresentou-se para ler sua poesia o jovem estudante Lucas, aluno do 9º ano do Ensino Fundamental. Ele baseou-se na filosofia educacional de sua Escola para compor seu trabalho.

Na base da vida, a Bíblia está; e no ensino, a caminhar.

Educar é muito mais do que ensinar; é formar o ser para que possa amar.

Princípios fortes a nos guiar; respeito, verdade a nos guiar.

Escrever é mais do que só aprender; é falar do que se quer crer.

Com palavras, a mente se abre; ao ouvir o coração, se sente-se.

A escrita é ponte a ligar, do saber, a fé e o sonhar.

Na escola onde Deus é o Farol, a vida se forma com amor e sol.

Educação vai acontecer, na história de fé e aprender.

Um dos momentos emocionantes foi a apresentação de Júlia, jovem poetisa da Escola de Educação Básica da Guarda, ME, em Tubarão. Além de representar a sua instituição, também falou em nome da comunidade surda. Falou que a cor azul é utilizada pela sua comunidade, através do Setembro Azul, como uma das iniciativas de conscientização da sociedade. Mas, então, surgiu, de outra parte, o Setembro Amarelo, como indicativo para prevenir o suicídio. Por isso, ela explicou: 

“desde que eu perdi a audição, ingressei na comunidade surda de Laguna, onde aprendi a linguagem de Libras. Ali surgiu o desejo de mostrar ao mundo a realidade dos surdos, que são pessoas tão incríveis e que precisam ser conhecidas”. Ela declamou sua poesia “Setembro Azul”.

Eu não escuto o som, mas meu coração continua bom.

Na guerra eu era azul.

Mas você não ouve essa história de ‘sou Setembro Azul ou Amarelo’.

Sem som algum...

E difícil acostumar-se com o vazio.

A mesma coisa quando chega o frio.

Podem passar anos, mas você não se acostuma,

depois que acaba o verão.

É dito isso, que eu tenho minha audição,

mas meus ouvidos são moucos.

Diziam para nós que éramos uma ‘mancha’,

matavam nossas crianças e bebês, tiravam de nós a esperança.

E muito de nós já se foram.

A culpa é de quem deveria nos proteger. Mas nos entregaram...

No entanto, nutrimos ainda nosso desejo:

um mundo mais compreensivo, sem guerra, sem fome,

sem dor, sem famílias sendo separadas,

sem pessoas que perderam seus entes amados.

Há dias que a guerra parece nunca querer ir embora.

A pessoas que passam umas pelas outras, sem sequer dizer seus nomes.

Somos uma diversidade, é verdade, mas ninguém aceita.

Quem é surdo, muitas vezes, ninguém o escuta.

Quem é cego, muitas vezes, ninguém o orienta.

Quem tem alguma deficiência física,

muitas vezes, ninguém para para lhe ajudar.

É esse o verdadeiro o famoso mundo que dizem amar?

Sou surda, mas eu enxergo. Sou surda, mas eu consigo.

Às vezes, o que falta ao mundo é a empatia...

Não rio de situações como essas, que são ignoradas pela galera.

O meu povo morre diariamente... é forçado, todo dia, psicologicamente.

Todo dia alguém tenta me mudar, qualquer pequena coisa.

Mas há aqui uma alma corajosa, que teme ousar.

Muitas vezes somos incompreendidos e queremos ser aceitos.

Queremos que todos conheçam a nossa língua,

pois fazemos parte da mesma pátria.

Mas ninguém nos entende nas ruas.

Conversa de surdo e ouvinte não deveria ser um obstáculo pra gente.

Apoie o Setembro Azul!

Tenhamos um mundo de paz onde toda pessoa seja capaz.

Abrace a nossa comunidade a pratique conosco a solidariedade.

Após essa participação, Marilene interveio: 

“como dizer que poesia não é emoção? Como dizer que poetizar não é sentimento? Parabéns, Júlia! E nós, como Academia, queremos participar do lançamento do seu livro que acontecerá em breve. Parabéns à sua família e à sua escola que se tornam um porto seguro para você! Parabéns aos professores que a incentivaram para que pudesse estar aqui conosco!”.

Dando continuidade ao evento, outros poetas apresentaram seus trabalhos e degustaram café, chá e biscoitos, tudo com muito sabor/saber e poesia.


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Trailer do filme ALBERTINA:  https://www.youtube.com/watch?v=3XggsrQMHbk

                                              

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