(29/08/2025) Nesta
manhã de sexta-feira, na capela da Casa de Retiros Champagnat, em
Florianópolis, aconteceu a Missa de Ação de Graças encerrando o Retiro anual do
presbitério da Diocese de Tubarão. Presidida por D. Édson Taschetto Damian,
Bispo Emérito de Bom Jesus da Cachoeira, no Amazonas, Pregador do Retiro, teve
a concelebração de D. Adilson Pedro, Bispo de Tubarão, e os demais presbíteros
presentes.
Ao iniciar sua
homilia, D. Édson recordou um filme que ele mesmo apresentou durante o Retiro “Homens e Deuses” (Xavier Beauvois,
França, 2010). O longa-metragem conta o testemunho dos sete monges mártires da
Argélia, da Abadia cisterciense trapista de Tibhirine, durante uma Guerra
Civil. Foram mortos em 1991 por fundamentalistas islâmicos por escolherem
permanecer junto do povo local, promovendo o diálogo e a fraternidade.
Assim expressou-se D. Édson:
“Nós trouxemos no Retiro o testemunho dos sete monges mártires da Argélia. Eles foram decapitados. Iniciamos o Retiro ouvindo o profeta Jeremias: ‘Seduziste-me, Senhor e eu me deixei seduzir!’ (Jer 20,7). Sabemos que ele mesmo teve vontade de fugir e renunciar à sua missão, mas sentia que a Palavra de Deus lhe queimava por dentro, como um fogo abrasador. Jeremias é o modelo de profeta.
O seu texto, que acabamos de ouvir na Liturgia, é relacionado com o martírio de João Batista, cujo martírio celebramos hoje. Mas somente João pôde ver o Messias Salvador. Aliás, ele já exultava no Senhor ainda no ventre de sua mãe Isabel. Aos seus discípulos, ele diz: ‘é a Ele, Jesus, que vocês devem segui agora. Eis o Cordeiro de Deus!’ (Jo 1,29). E nós repetimos as palavras do precursor de Jesus na liturgia eucarística.
Jesus o elogiou: ‘dentre os nascidos de mulher, ninguém foi maior que João’ (Lc 7,28). E mais: ‘No entanto, o menor no Reino de Deus é maior do que ele’, porque ele não pôde ver o desfecho da vida de Jesus, que amou até o fim e, na cruz, confirmou até onde vai a ‘loucura’ do amor de Deus por nós. É por isso que nós podemos ser mais felizes do que João Batista. Quero concluir este Retiro com as palavras da Evangelli Gaudium, do Papa Francisco, que parecem ser um autorretrato do próprio Papa (de sua personalidade, sua mística, sua espiritualidade).”
“‘O missionário está convencido de que existe já, nas pessoas e nos povos, pela ação do Espírito, uma ânsia – mesmo se inconsciente – de conhecer a verdade acerca de Deus, do homem, do caminho que conduz à liberação do pecado e da morte. O entusiasmo posto no anúncio de Cristo deriva da convicção de responder a tal ânsia’.
O entusiasmo na evangelização funda-se nesta convicção. Temos à disposição um tesouro de vida e de amor que não pode enganar, a mensagem que não pode manipular nem desiludir. É uma resposta que desce ao mais fundo do ser humano e pode sustentá-lo e elevá-lo. É a verdade que não passa de moda, porque é capaz de penetrar onde nada mais pode chegar. A nossa tristeza infinita só se cura com um amor infinito.
Esta convicção, porém, é sustentada com a experiência pessoal, constantemente renovada, de saborear a sua amizade e a sua mensagem. Não se pode perseverar numa evangelização cheia de ardor, se não se está convencido, por experiência própria, que não é a mesma coisa ter conhecido Jesus ou não O conhecer, não é a mesma coisa caminhar com Ele ou caminhar tateando, não é a mesma coisa poder escutá-Lo ou ignorar a sua Palavra, não é a mesma coisa poder contemplá-Lo, adorá-Lo, descansar n’Ele ou não o poder fazer.
Não é a mesma coisa procurar construir o mundo com o seu Evangelho em vez de o fazer unicamente com a própria razão. Sabemos bem que a vida com Jesus se torna muito mais plena e, com Ele, é mais fácil encontrar o sentido para cada coisa. É por isso que evangelizamos.
O verdadeiro missionário, que não deixa jamais de ser discípulo, sabe que Jesus caminha com ele, fala com ele, respira com ele, trabalha com ele. Sente Jesus vivo com ele, no meio da tarefa missionária. Se uma pessoa não O descobre presente no coração mesmo da entrega missionária, depressa perde o entusiasmo e deixa de estar segura do que transmite, faltam-lhe força e paixão. E uma pessoa que não está convencida, entusiasmada, segura, enamorada, não convence ninguém (EG, 265-266).”
“Que na nossa vida e no nosso ministério possamos, a cada dia, em cada momento, acreditar no Evangelho com a nossa vida! O testemunho dos mártires de ontem e os de hoje nos ajuda a renovarmos a plena confiança de nossa fé!”.
No
final da celebração, o Pe. Elias, Coordenador da Pastoral Presbiteral,
agradeceu aos demais membros de sua equipe: Pe Realdo, Pe. Marcelo, Pe.
Adelino, Pe. Vanderlei Tezza e Pe. Ademir. E dirigiu uma mensagem de
agradecimento ao Pregador.
“D. Édson, gratidão pela profundidade dos textos que o senhor trouxe para nós, e que poderão nos auxiliar ainda, depois, em nossas reflexões pessoais. Pudemos reviver nosso primeiro amor. Obrigado pela condução do Retiro, pois o senhor foi dócil e acolheu as sugestões do grupo, revelando-se muito sereno e tranquilo. Tudo correu bem! Tivemos muito tempo e várias ocasiões para a oração e meditação, para a confraternização e para experimentarmos a presença de Deus.
As celebrações eucarísticas foram, claro, os momentos mais fortes de nosso Retiro. O senhor nos ajudou a vivermos a fraternidade presbiteral, levando-nos a refletirmos sobre a convivência entre nós. O senhor nos recordou que a fraternidade presbiteral é ‘sacramental’. E disse que não veio como mestre, e ainda se revelou nosso companheiro, mistagogo, alguém que nos ajudou a fazermos o caminho da oração (que é um caminho longo).
Quero salientar a partilha de sua vida lá na sua família, ou nas ruas de Salvador (como gari da prefeitura), ou lá junto aos indígenas de Roraima e de São Gabriel da Cachoeira (AM). O seu testemunho, que ajudou a tantos irmãos, ajudou-nos a nós também para cultivarmos nossa fé, nossa esperança e nossa caridade. Obrigado por ter vivido e convido conosco nestes dias como um irmão, assim como São Charles de Foucauld ensinou. Não nos distinguimos na convivência e vivemos fraternalmente. O senhor ajudou-nos a que chegássemos mais perto de Deus pela oração. Obrigado.”
Então, D. Adilson agradeceu o Pregador:
“O senhor, D. Édson, faz-nos lembrar da mansidão, como nas Bem-aventuranças. Abordando temas espinhosos, tanto da Igreja, quanto da sociedade, o senhor revelou-se uma pessoa mansa. Com sua jovialidade e mansidão, fará muito bem na nova e exigente Comissão para a Mineração, da CNBB, que o senhor acabou de assumir. Obrigado por compartilhar conosco esse dom do Espírito!”.
Após
o almoço, todos retornaram para suas atividades pastorais e suas respectivas
Paróquias e missões.
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Trailer
do filme ALBERTINA: https://www.youtube.com/watch?v=3XggsrQMHbk
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