(13/08/2025) Na
tarde deste sábado, no espaço ÂnimaLab da Biblioteca da UNISUL, o Conselho
Estadual da Educação/SC (CEE) concedeu o Diploma do Mérito Educacional
Catarinense ao Colégio Dehon, à Fundação InoversaSul e a duas conhecidíssimas
professoras da cidade: Mariazinha e Amaline. Várias autoridades fizeram-se
presentes à cerimônia, além de familiares e amigos dos homenageados, membros da
Academia Tubaronense de Letras e profissionais ligados à Educação.
Em nome do
Colégio Dehon falou o seu Diretor, o Prof. José Antonio Matiolla.
Primeiramente, ele
cumprimentou os presentes e destacou a presença da Profª. Albertina, que foi
Diretora do distinto Colégio por muitos anos. Depois, comentou o significado da
homenagem oferecida às professoras e sobre os propósitos do Colégio Dehon.
A afabilidade
como caminho.
É muito significativo que o Estado reconheça o papel destas duas professoras, grandes nomes: Amaline e Mariazinha. Esta, por sinal, foi minha professora na 5ª série e no Mestrado. Nós não a chamamos dessa forma porque ela seja frágil ou pequena, mas porque ela usa de afabilidade como caminho para educar. Todos que foram tocados na alma por ela, transformaram-se em pessoas diferentes. Mas, permitam-me dizer: há mais alguém que precisa ser homenageado com ela: o seu Pedro! Ele que sempre estava ali, junto dela e dos filhos e netos. De alguma forma, quem casa com um professor, abraça a Educação.
Fazer com o
coração.
A homenagem que
Dehon e InoversaSul recebemos tem especial sentido para nós. Hoje, acabei de
chegar de Aparecida (SP), onde nos reunimos com os padres dehonianos, responsáveis
por terem criado o Colégio Dehon em 1947. Ontem, 12 de agosto, celebramos 100
anos da morte do Pe. León Gustave Dehon (1843-1925, França). Para ele, ‘não basta fazer bem feitas todas as coisas,
é preciso fazê-las com o coração’.
Entendo que esta cerimônia reflete exatamente isso: estamos diante de duas pessoas que, o tempo todo, realizaram seu ofício com o coração. Temos aqui, igualmente, duas instituições que têm alma! Por mais que tenhamos a responsabilidade de formar pessoas conforme as determinações legais, preocupa-nos em formar pessoas, e é isso o que nos move.
Isso faz com que, diariamente, tenhamos aqui a visão deste belo quadro diante de nós: as crianças brincando lá no gramado. São duas mil vidas que, todos os dias, estão circulando por aqui, cuja responsabilidade está nas mãos dos professores apaixonados pela vida e pelo que fazem. Estou convicto de que ninguém permanece atuando na Educação por mais de 50 anos, como a D. Mariazinha, se não estiver apaixonado pela vida e pelo ser humano!
Convicções e
audácia.
Agradecidos, dizemos que o Colégio segue firme no seu propósito e, em 2027, celebraremos os 80 anos da Escola com festas, realizações e resgate da história. Como ensinou o Pe. Dehon, ‘quem quer mudar o mundo, não pode ter ideias tíbias’; e nós não temos ideias tíbias! Nossas ideias são audaciosas. Tudo o que implementamos, não o fazemos por modismo, mas, sim, por convicções pedagógicas. Estudamos muito, acreditamos naquilo que fazemos para, de fato, transformar a vida das pessoas.
Temos aqui um importante trabalho de inclusão: são mais de 140 crianças atendidas num processo que exige muita responsabilidade. Muita gente passou por aqui e fez história em nossos bancos escolares, construindo não apenas suas carreiras acadêmicas, mas também as suas vidas, desenvolvendo valores. Isso para nós é muito importante!
Olhar para o
futuro.
Gratidão a todas e todos que, ao longo da história, fizeram com que o Colégio se transformasse (e se transforma!). Ao pensarmos nos 80 anos, já estamos de olho nos 160 anos da instituição, em como será o Colégio daqui pra frente. Rubem Alves (1933-2014), ao completar 75 anos, disse: ‘eu desfiz 75 anos, porque há muito mais por viver’. Assim, ontem, nós desfizemos 78 anos e precisamos pensar no futuro e construir uma geração nova; sempre com o mesmo carinho, responsabilidade e com o mesmo propósito, como bem viveram as professoras homenageadas hoje. Temos propósito.
É o propósito que rege nossas vidas e nos trouxe aqui, nesta tarde. É ele que nos faz renovar, diariamente, nosso compromisso em ser professor. Eu costumo falar, jocosamente, que profissão é igual a casamento: com amor já é difícil! De modo que, sem amarmos e gostarmos do que fazemos, inclusive da rotina que é a vida escolar, sem colocar amor nas pequenas atitudes, sem olhar com sensibilidade para a criança que nos aborda: ‘tio, amarra o cadarço do meu sapato?’... a Educação se tornará um trabalho chato e cansativo.
O amor nos
sustenta.
Quantas vezes nos questionam: ‘como é que vocês aguentam?’. Sabemos a resposta: a gente aguenta por amor, porque enxerga um propósito e é isso que move gerações que, como nossa instituição, nasceu da necessidade desta cidade de ter um colégio para meninos. Nasceu com grande responsabilidade e que, com o passar do tempo, foi se transformando, mas sem perder sua essência. Nasceu sob os cuidados dos padres dehonianos. Deixou de ser um Colégio religioso, mas não perdeu a sua essência e nem os seus valores universais. E permanece em sintonia com aquilo que o ser humano mais precisa.
Aqui costumamos dizer que temos apenas duas regras: uma delas é respeito (em 360º). Todos se respeitam! A consequência é óbvia: todos se amam; ninguém quer se impor. A outra regra: fazemos tudo com muita competência, amor e esmero para entregar à sociedade pessoas mais felizes. Mais do que contrato jurídico, temos um contrato moral com as pessoas.
Vale a pena!
O melhor da vidas das pessoas está correndo, agora, naquele gramado ali fora, ou subindo nos brinquedos daquele parquinho ou descendo naquele escorregador. Alguém confia muito em nós! Alguém espera que, passando por nós, haja uma diferença. E quando vemos, pelas redes sociais, aqueles que passaram por nós e que estão por aí (até noutros países) fazendo a diferença, podemos nos olhar no espelho e reafirmarmos nosso propósito: está valendo a pena todo o esforço!
Nosso propósito
é educar.
Esta homenagem, portanto, se estende a todos aqueles que já fizeram parte desta história e a transformaram numa história de sucesso. Que sejamos exemplos para outros! Nós nos mantemos de portas abertas a todos que queiram nos visitar. Que a Educação não seja um negócio, mas, sim, um propósito! Obrigado!
Enquanto este discurso era proferido espontaneamente, sem texto nem esquema, uma centena de atuais aluninhos do Colégio brincavam no pátio ali ao lado, enquanto outros ex-alunos do mesmo Colégio discursavam e ouviam palavras que fomentam uma cultura que promove o ser humano.
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Trailer do filme ALBERTINA: https://www.youtube.com/watch?v=3XggsrQMHbk
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