(21/11/2024) “Uma aula sobre energia elétrica e o desenvolvimento humano.” Foi assim que muitos definiram o encontro desta noite, no Salão Recreativo Familiar, em Vargem do Cedro, promovido pelo Sr. Paulo Renato Steiner. Cerca de 50 pessoas da comunidade e alguns convidados de outras localidade, nesta noite, durante duas horas e meia, puderam acompanhar vários experimentos sobre energia elétrica protagonizados por Steiner.

Morador da comunidade, onde nasceu sua esposa e onde viveram e vivem vários de seus parentes, Paulo Renato trilhou brilhante carreira no ramo financeiro, ocupando, inclusive, a função de Diretor Executivo do Banco do Brasil e Presidente (ombudsman/CEO) da HSBC Brasil, que é um Banco de Investimentos.

Residindo em Curitiba ou em outras partes do Brasil e fora do país, ajudou a implementar inúmeros projetos de fomento aos pequenos empresários (‘small business’) e num sem número de projetos sociais e ecológicos.

Antes de iniciar sua apresentação, pediu ao Pe. Auricélio, Pároco local, que acolhesse os presentes.

“Todos somos dotados de dons, de habilidades, saberes e, fundados nisso tudo, construímos nossa história individual e comunitária. Podemos aprender uns com os outros. Por isso, é louvável a iniciativa do seu Paulo Renato de nos reunir aqui para partilhar conosco seus conhecimentos científicos. A energia move o mundo! Nesta noite trataremos de fontes de energia! Deus é muito mais do que simples energia; Ele é a fonte da Vida e do Amor e se manifesta no cosmos, na natureza que nos rodeia e nas pessoas que convivem conosco. Agradecemos o convite que recebemos e queremos aproveitar esta oportunidade de mergulharmos nos conhecimentos da Ciência.”

Então, Paulo Renato explicou a razão do encontro:

“Embora eu seja formado em Engenharia Elétrica, nunca trabalhei neste ramo. Segui outra função no mercado financeiro, até há pouco tempo. Depois, decidimos construir nossa casa aqui na comunidade, onde a minha esposa Lizete nasceu e tem familiares e amigos. Enquanto acompanhava a obra, eu pensava como a vida foi generosa comigo e questionava-me sobre como eu poderia retribuir meus conhecimentos com a população local. Eu queria dar um pouco de mim à comunidade.
Eu não tenho os conhecimentos que vocês têm, por exemplo, sobre o cultivo de plantas como milho, mandioca etc. Igualmente, não tenho como colaborar na lida com a madeira. Estas e outras habilidades que vocês têm, eu não as tenho. Entretanto, eu tenho conhecimento adquirido em minha formação de engenharia. Eu faço experimentos e decidi compartilhar isso, principalmente, com os alunos”.

Uma observação sobre o processo ensino-aprendizagem na Escola local lhe deixou inquieto.

“Na minha formação estudantil, com os padres jesuítas, tínhamos acesso a ótimos laboratórios para a experimentação. Percebi que o nosso Colégio daqui não tinha muitos recursos de laboratório, tanto que os alunos estudam em livros ou aprendem apenas vendo imagens, mas sem fazerem os experimentos na prática. Isso dificulta a aprendizagem. Além de oferecer conhecimentos, meu propósito é gerar curiosidade nos estudantes. A curiosidade os levará à busca de conhecimentos. E eu quero compartilhar com vocês o conteúdo que transmito aos nossos alunos, muitos deles filhos e parentes de vocês”.

Ele fez uma explanação sobre as fontes de energia para o homem ao longo de nossa História. Apresentou uma série de experimentos simples e frágeis, que serviram tão somente para demonstração. Ele alertou:

“Ao mexermos com eletricidade, é importante considerarmos duas grandezas: a tensão (que é medida em ‘volts’) e a intensidade (medida em ‘amper’). E mais: para lidarmos com eletricidade é necessário termos conhecimento, treinamento e equipamentos”.

Levando os presentes ao regresso no tempo, afirmou:

“Somos da espécie Homo Sapiens, a única espécie que chegou até nossos dias. Alguns dos humanos que vieram antes de nós nos legaram certos presentes. Há um milhão e 700 mil anos, os representantes do Homo Erectus (que ficavam em pé) dominaram o fogo, isto é, aprenderam a atear fogo e mantê-lo aceso. Foi uma dádiva da natureza! Agora podiam iluminar, aquecer, preparar alimentos e afugentar as feras. Seus músculos serviam para buscar comida e cuidar-se para não virarem comida. Até aqui, tínhamos duas energias básicas: o fogo e os músculos. E isso perdurou até cerca de 7000 anos atrás, quando houve a domesticação de grandes animais”.

Prosseguindo na sua retomada histórica, Paulo Renato apresentou a terceira fonte de energia: a tração animal.

“Entre 6 mil anos e a época de Cristo, há dois mil anos, tivemos evoluções extraordinárias, como a escrita (que mudou a civilização!) e a matemática. E no campo da energia, tivemos seis eventos: 05 inventos e 01 relato. Tais descobertas fazem parte de nossas vidas e de toda a nossa sociedade até hoje”.

Espalhada pela sala, uma série de pequenos motores (que promovem movimento) produziram energia capaz de acender lâmpadas: a roda d’água, a roda que favoreceu o transporte de mercadorias sob tração animal, a força do vapor de água (condensador), a energia eólica (moinhos de ventos) e de turbinas (de navios, aviões, foguetes...), energia fotovoltaica (painéis solares) etc.

A energia elétrica está muito presente em nossa vida: no aquecimento, na refrigeração, no funcionamento de máquinas e eletrônicos. Importa que a produção de tal energia provoque o mínimo de impacto ambiental possível. As descobertas de Paracelso (1581), Alessandro Volta (1799), Michael Faraday e Josef Henry (1831), Alexandre Becquerel (1891) e tantos outros trouxeram grande desenvolvimento e qualidade de vida à sociedade.

A produção de energia tem demandado, também, a produção de muito lixo, poluição e degradação ambiental. Segundo Paulo, o enriquecimento de urânio tem recebido muita atenção da comunidade científica (energia nuclear), mas, sobretudo, há uma grande esperança a respeito de outra fonte de energia: a ficção de partículas de hidrogênio possa produzir energia limpa e eficaz.

O cuidado com a nossa Casa Comum, como nos recorda o Papa Francisco, precisa ser compromisso de todos os seres humanos. As Ciências podem nos apontar caminhos para construirmos uma sociedade justa para todos; e isso não acontece sem respeitarmos as fontes de energia que a Natureza nos oferece.

Após o passeio científico, Paulo Renato fez um agradecimento:

“Dentre meus quase setenta primos, um merece meu carinho especial. Morou na nossa casa e foi com quem eu mais convivi e com quem muito aprendi em minha adolescência. Pedro, sua presença me emociona!”.

Então, o Pedro Feuser, filho da comunidade, disse:

“Eu preciso dizer que seu trabalho é, realmente, primoroso e não por menos, a nossa querida comunidade de Vargem do Cedro é reconhecida tanto 'estadualmente', quanto nacionalmente, por conta das pesquisas científicas que você induziu no meio de nossa juventude. Parabéns e obrigado!”.

De fato, recentemente a Escola recebeu prêmios por sua participação em Feiras de Ciências.

Concluindo sua partilha de saberes, o anfitrião voltou a agradecer as muitas pessoas que o tem auxiliado:

“Tekinha, Leandro, Sebastião, Dênnis, Rodrigo... Muito obrigado! Fico feliz que todos tenham vindo. Imagino que a maioria de vocês somente estudou essas coisas através dos livros, mas hoje puderam ‘brincar’ e perceber como são experimentos simples e importantes”.

Concluída a aula, foi servido um jantar a todos.