As queimadas
acontecem por todo o país. Agricultores e pecuaristas se utilizam desta prática
para limpar pastagens, eliminar pragas e (até mesmo) fertilizar a terra. Muito se
questiona sobre este manejo do solo, mas não há como não perceber quando um
campo ou um morro foram queimados. Parece que tudo ficou destruído, devastado e
a sensação é de caos. Ledo engano. Passadas algumas semanas, tendo caído chuva,
o que era pura cinza, se transforma em um grande tapete verde... tudo se
renova... a vida venceu!
Tais queimadas
poderiam ser uma metáfora da experiência de quem quer vivenciar a Misericórdia
de Deus. Este amor divino e perdoador é capaz de “queimar” toda espécie de
pecado, de “erva daninha”, de fechamento para as “coisas do Alto” (Col 3,1). E
é muito triste constatar que, na seara do Senhor, o inimigo semeou o pecado.
Percebemos o mal crescendo ao nosso redor, perto de nós e dentro de nós. O
campo acaba ficando impróprio para o cultivo... parece que não há mais o quê
fazer.
Porém, o Dono da
seara jamais deixa de sonhar em transformar o seu campo num jardim, ou num
pomar, ou numa grande plantação. Por isso, movido pelo mais sincero Amor,
através do Espírito Santo (Fogo do Céu), Ele restaura aquilo que parecia
condenado, destrói toda resignação, queima as sementes traiçoeiras... e faz a
vida vencer!
O Amor de Deus
se transforma em Misericórdia! “Sua Misericórdia é para sempre!... por isso,
dai graças ao Senhor!” (Sl 136). Ao revelar-nos o rosto misericordioso do Pai,
Jesus nos ensina a sermos misericordiosos também. Como quando foi interpelado
por Pedro sobre quantas vezes deveríamos perdoar àqueles que nos ofenderam. Na
ocasião Jesus respondeu: “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes
sete" (Mt 18,22).
Essa dinâmica de
Amor promove a restauração do coração. Alguém pode perder o sentido de viver
quando o pecado desfigura a sua dignidade de ser humano, filho de Deus. Alguém
pode abandonar os seus sonhos, quando se sente enfraquecido por causa dos
constantes obstáculos que encontra na caminhada. Mas ninguém fica esquecido por
Deus, num determinado canto da existência, abandonado pelo Criador. Jamais! Por
ser Amor, Deus lança um olhar de misericórdia justamente para aquele que mais
necessita.
Neste Ano Santo
da Misericórdia o Papa Francisco nos aponta o Coração de Deus. É ali, neste
“ninho sagrado do Amor”, que encontraremos a nossa mais remota e profunda
identidade: filhos amados de Deus! Que o seu Espírito Santo venha “queimar”
nossos pecados para podermos nos lançar nos braços do Pai Amoroso e
Misericordioso!
Pe. Auricélio
Costa – Reitor do Santuário de Albertina
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