Guiné-Bissau, África Ocidental, região
sub-saariana do Sahel. Aí vivem dezenas de povos, contabilizados entre os mais
pobres do mundo. Estávamos no país havia algumas semanas, nos adaptando às
novas realidades. Ainda não éramos ordenados quando fomos visitar Catió, no sul
do país, na fronteira com Guiné Equatorial. Na aldeia de Catón conhecemos a semente
de uma comunidade cristã. Lá não havia nenhum cristão, mas os missionários
conseguiram a simpatia dos “homens grandes” (os anciãos) e estavam construindo
uma pequena escola (duas salas), que também iria servir de enfermaria e capela.
Ao lado, sob a copa das gigantes árvores, plantaram uma cruz.
Ali, naquele pedaço de paraíso, fomos muito bem
acolhidos pelos jovens e adultos, para desespero das crianças que, diante de
presenças tão estranhas (nós!), correram assustadas mata-à-dentro. Tomamos
vinho de palmeira com os anciãos, lhes deixamos remédios e prometemos uma nova
bola de futebol para os jovens.
Assim, com respeito, partilha, acolhimento,
solidariedade, alegria e muito boa vontade fomos apresentando àquela gente o
rosto de seu Salvador! E é assim, com passos muito simples, que a Igreja de
Jesus vai realizando a sua missão mundo a fora. Sempre obedientes ao
mandato do Senhor – “ide para a vinha” (Mt 20,4) e “ide e anunciai o Evangelho
ao mundo inteiro... fazei discípulos!” (Mt 28,19) – os cristãos têm levado a
Mensagem e a Pessoa de Jesus a todos os povos.
O Papa Francisco tem insistido muito que a
Igreja deve estar “em saída”. E que não dá mais para esperar que as pessoas
venham buscar a Igreja apenas quando necessitarem de algum sacramento ou
orientação na vida. Os filhos da Igreja precisam “ir ao encontro” daqueles
seus irmãos que estão precisando e esperando pelo anúncio da Boa Notícia. Já
não se pode mais permanecer numa atitude passiva, quando o mundo caminha a
passos largos e desenfreados em busca de vida, de prazer, de enriquecimento, de
bem-estar... Tais buscas são compreensíveis, pois o ser humano é sempre
inquieto. Mas, visto que as ofertas do mundo podem não combinar com o projeto
de Deus, é urgente apresentar Jesus! Sim, somente Ele é “o Caminho, a Verdade e
a Vida”(Jo 14,6)! E nada pode substituí-Lo na vida do homem!
A missão da Igreja nunca termina. O projeto de Jesus não é
apenas para este mundo. Além de colaborarmos na construção de uma
civilização marcada pelo Amor, não podemos perder o sentido de que apontamos
para “mais além”, para o infinito, para o Céu! Essa dimensão escatológica da
nossa ação missionária não pode ser esquecida e nem protelada: enquanto
propomos e vivemos a fraternidade, desejamos o retorno para a Casa do Pai!
Seja lá na longínqua Guiné-Bissau ou aqui no
nosso bairro, há uma necessidade urgente de anunciar e testemunhar Jesus! Lá, a
cólera, a fome, a intolerância religiosa e a temível “ebola” desafiam o
trabalho missionário da Igreja. Aqui, entre nós, os desafios são outros.
Todavia, precisamos nos colocar “em saída”, confiando na promessa de
Jesus: “Eis que Eu estarei convosco todos os dias” (Mt 28,20)!
Pe.
Auricélio Costa – Promotor Vocacional Diocesano
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