“Oi,
mãezinha!”, “Olá, paizinho!”, “meus amiguinhos”, “uma roupinha”, “um joguinho”,
“uma oraçãozinha”, “uma missinha”... Por mais hilário que pareça, tem sido
muito comum o uso de expressões desse tipo. Usadas assim no diminutivo, ao
contrário de expressar carinho, podem expressar, na verdade, um certo desprezo
por aquilo que se quer dizer. É verdade que os afetos mexem com nosso jeito de
falar e com nossos gestos também. E que não podemos tratar uma criança e um
adulto da mesma forma. Aliás, nem queremos pular etapas do desenvolvimento
natural de uma criança; e nem, tampouco, pretendemos infantilizar um adulto.
No campo da
vivência da fé esta questão também pode ocorrer. Por isso, é salutar tomarmos
um ensinamento (na verdade, trata-se de uma súplica!) de São Paulo na Carta que
ele escreveu aos Efésios 3,17-19a: “Que o Pai faça Cristo habitar no coração de
vocês pela fé. Enraizados e alicerçados no Amor, vocês se tornarão capazes de
compreender, com todos os cristãos, qual é a largura e o cumprimento, a altura
e a profundidade, de conhecer o amor de Cristo...”.
Para sermos
verdadeiros discípulos-missionários de Jesus, portanto, não podemos viver uma
religião que não nos tome “da cabeça aos pés”, que não penetre nas entranhas de
nosso coração e de nossa mente! Não podemos viver nossa fé superficialmente,
sem que ela mexa com todo o nosso ser, nos impulsione à santidade, e se torne
fundamental em nossa vida.
Neste sentido,
citando S. João Paulo II, na Mensagem para o Dia Mundial de Orações pelas
Vocações deste ano, o Papa Francisco diz que “viver esta ‘medida alta da vida
cristã ordinária’ significa, por vezes, ir contra a corrente e implica
encontrar também obstáculos, fora e dentro de nós”.
Nas coisas de
Deus não é possível tratar no diminutivo, pois, como São Paulo nos ensina, precisamos
crescer em todas as dimensões do Amor! Sim, o Amor! Aqui está o segredo de toda
ação do cristão: saber-se fruto amado de um Deus Amor, que assumiu nossa
humanidade até o ponto de abraçar a cruz. Morto, Ele destruiu a morte e, por
Amor, abriu-nos as portas do Céu para consigo nos levar.
O amor é
dinâmico e gera vida! O amor transforma e desacomoda! O amor revela horizontes
e destrói fronteiras! O amor dá sentido à história e às nossas lutas! Ele nos
incendeia para a possibilidade do Eterno e do Céu! Por isso, o cristão se torna
um missionário do Amor! Sabendo-se amado, sente-se comprometido em testemunhar
o amor, levá-lo a todas as pessoas!
A Palavra de
Deus chama a nossa atenção para não ficarmos estagnados numa fé pueril e
desligada de nossa vida. É preciso acolher a Sagrada Escritura como vontade de
Deus. É o Espírito Santo quem vai nos ajudar a compreendermos as dimensões do
Amor.
No testemunho
de Jesus Cristo podemos encontrar indicações de como fazer este caminho para
dentro do Coração de Deus. Jesus, desde cedo, está voltado para fazer a vontade
do Pai. Ele é obediente e o Pai dá seu testemunho inquestionável: “Este é o meu
Filho amado. Escutai-O!” (Mt 17,5). Os gestos de Jesus, desde a escolha dos
Doze até a atenção que dava aos mais excluídos da sociedade, nos revelam que o
Amor era a base para a edificação do seu Reino. Até no Calvário Ele revelou que
seu coração era cheio de misericórdia!
Então, ser
seguidor de Jesus é coisa grande, tarefa sublime, missão abençoada, pura
gratuidade de Deus! Não se trata de um “agradinho” de Deus e nem de uma
“bençãozinha”! A nossa resposta a tanto Amor, também não pode ser uma
“respostinha” qualquer e nem um “sim-zinho” sem compromisso. Afinal de contas,
como o próprio São Paulo ensina: “Vocês, portanto, já não são estrangeiros nem
hóspedes, mas concidadãos do povo de Deus e membros da família de Deus!” (Ef
2,19).
Pe. Auricélio Costa –
Promotor Vocacional Diocesano
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