(05/05/2022) Os alertas de chuvas intensas e possibilidade de alagamentos e deslizamentos de terra, desta vez, chegaram com antecedência através da Defesa Civil, utilizando os meios de comunicação sociais. Todos comentaram sobre as notícias, mas o que fazer, a não ser esperar a chegada do tal ciclone, com suas nuvens densas e ventos furiosos?
Todos passaram a monitorar as réguas de medição do nível de água no rio Tubarão. As chuvas pareciam mansas, mas eram contínuas; vez por outra, um aguaceiro forte. Foi assim durante segunda e terça-feira.
Na quarta, ainda pela manhã, o rio Tubarão estava bem cheio: ‘É que tem chovido muito lá na Serra, nas cidades aos pés da Serra...’ tentavam explicar.
As autoridades conseguiram uma máquina potente para abrir a boca da Barra do Camacho. A população pôde acompanhar o trabalho pelas redes sociais, bem como as reuniões da Prefeitura de Tubarão, autoridades dos municípios vizinhos, Defesa Civil e outras forças institucionais. A Igreja também estava lá.
Nas 24 horas seguintes, outras duas máquinas ainda seriam colocadas para ajudarem na mesma função lá no Camacho. Mas as ‘trombas d’água’ despejadas do céu sobre Lauro Müller deixaram a população do vale de Tubarão com os cabelos em pé.
Os móveis das casas de regiões baixas da cidade e das casas ribeirinhas começaram a ser erguidos do chão, no afã de protegê-los da impiedosa inundação que, cada vez mais, foi tornando uma realidade possível.
A Catedral começou a receber mais e mais famílias desabrigadas... A matriz de Morrotes também... outras igrejas igualmente abriram suas portas... casas de amigos e parentes foram sendo ocupadas por pessoas que procuravam mais segurança. O nível do rio ultrapassou os 6m de altura (na madrugada chegaria quase a 7,20m!).
Pelas 23 horas de quarta-feira, o carro de som (em nome da Defesa Civil) passou pelas estradas dos bairros ribeirinhos pedindo que a população se abrigasse. Não houve quem não tenha ficado assustado e sentiu seu coração acelerar.
De fato, as águas de Lauro Müller estavam fazendo o rio crescer para cima das estradas, alagando vilas e bairros, atenuando ainda mais a situação dramática que se estava vivendo. Mais de 400 pessoas subiram para o morro da Catedral; outras centenas para os morros do Becker, da Caixa D’Água e nos entornos da cidade.
Centenas de vídeos e milhares de áudios e posts foram tornando conhecidas as invasões de água, os desmoronamentos, o desespero da pessoas, as piadinhas sem graça... bem como as importantes orientações do prefeito Joarez e das demais autoridades. A Rádio Tubá, sempre líder na cobertura do evento, não estava sozinha na sua missão: as demais emissoras da cidade estavam a serviço da população.
Às 2:30h da madrugada caiu a energia elétrica em toda a Cidade Azul. Só retornou às 4:30h. Duas horas de trevas tornaram a insegurança dos cidadãos ainda maior. Mas não houve vento e nem maré alta para represarem as águas que foram desembocando, violenta e abundantemente, no abençoado oceano. Por que não conseguem deixar esta Barra sempre aberta?
Parou de chover durante a madrugada. Foi uma trégua. Veio o alívio. Começou a amanhecer. E com a alvorada, voltou a sensação de que o susto maior havia passado. A contabilização dos prejuízos materiais ainda levarão vários dias...
Nos dias seguintes, algumas casas continuaram invadidas por água, lodo e destruição... Traumas, sustos e ansiedade, certamente, ainda perdurarão por mais tempo. Todavia, ninguém morreu por causa das cheias.
A pronta ação dos grupos de voluntários e todo o movimento solidário que se formou para ajudar a recuperar ruas, casas, vidas... isso, sim, fez e está fazendo uma grande diferença!
Há muitas lições a
serem tiradas desta semana inesquecível que se viveu em Tubarão. A destruição e
o caos, porém, não serão as únicas palavras a serem pronunciadas a respeito do
ocorrido nestes dias.
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