FILME ‘ALBERTINA’ – LIÇÕES DAQUELE VERÃO DE 2020

 


(12/01/2022) Nem que eu vivesse mil anos, acho que jamais esqueceria o que vivenciei e vi acontecer em nossa região naqueles dias do alvorecer de 2020. Dias antes do Natal de 2019, numa antiga casa do seu Antônio Kock, no caminho que liga o bairro São Luiz ao Distrito de Vargem do Cedro, um grupo de despretensiosos colaboradores se uniu aos técnicos e atores da trupe da Cia. de Cinema Regional Boanova Films para uma experiência de filmagem. Ninguém tinha noção correta do que haveríamos de produzir. 

Naquela tarde ensolarada, o cineasta Luiz Fernando F. Machado, seu auxiliar boliviano Gabriel Sanchez e o roteirista Chico Caprario conduziram o trabalho de verificar equipamentos, averiguar a locação e testar as primeiras atrizes: Ladir Berkenbrock e Suieny Espíndola. Foram feitos muitos testes de luz, de som, de enquadramentos, de escolha de lentes... 

Já durante toda a manhã uma enorme equipe de produção de cenário havia corrido de um lado para o outro a fim de deixar tudo pronto para os trabalhos da tarde. Fizeram um ótimo trabalho, pois aquela residência há dezenas de anos que não vinha sendo usada. E, antes de fazerem os registros, na última hora, ainda foi preciso remover o esmalte de mãos e pés das atrizes. Por fim, as cenas ficaram tão boas que o Diretor Luiz decidiu incluí-las no filme assim como haviam sido gravadas.

Mas, no dia 03 de janeiro, numa manhã chuvosa, na residência de Antônio e Marlene Berkenbrock Inocêncio, em São Luiz, oficialmente fez-se a cerimônia de ‘abertura de câmera’. Quase toda a equipe estava presente! Eu, Pe. Auricélio, conduzi a oração de bênção dos trabalhos e a irmã da beata Albertina, D. Mariquinha Berkenbrock Feuser, fez-se presente e recebeu homenagens. 

Então, a partir desta data, de locação em locação, as cenas do longa-metragem ALBERTINA – A MENINA QUE TOCOU O CÉU E O CORAÇÃO DE TODO UM PAÍS foram sendo filmadas. Além daquelas que se vê ao longo dos 95’ do filme, muitas horas de filmagens ficaram guardadas e poderão ser utilizadas num eventual Documentário sobre o filme. Aliás, a ideia inicial do Diretor era produzir este material em 2021, mas, com o advento da pandemia, surgiram as dificuldades para a comercialização do filme e a necessidade da empresa de se aventurar em outros projetos audiovisuais.

Várias equipes de trabalho foram formadas com populares para compor a grande equipe de produção. O espírito voluntário dos parceiros se sobressaiu e cada um pôde dar a sua contribuição para o projeto ser viabilizado. A metáfora da Estética da Sopa de Pedras proposta pelo Luiz Fernando, foi facilmente compreendida pelos populares, pois já estavam acostumados a inúmeras iniciativas de mutirão: para limpar as ruas, para ajudar uma família carente ou uma cidade acometida por uma tragédia, para limpar a igreja ou a escola, para despescar um açude ou fazer uma laje na casa de alguém, etc... 

Cada um podia contribuir com seus dons e habilidades: saber coordenar, costurar, maquiar, dirigir automóvel, organizar roupas para os figurinos, buscar utensílios e móveis para caracterizar os cenários, emprestar espaços para locações, cozinhar, limpar, cuidar das crianças, oferecer hospedagem, assumir tarefas para liberar outros profissionais para o set, pintar madeira, fazer cartazes, entrevistar empresários e autoridades municipais, divulgar o trabalho nas mídias sociais, recolher alimentos, organizar as ‘ordem do dia’... 

Ninguém cobrou um centavo para dar sua contribuição, embora a Boanova tenha conseguido distribuir ajuda de custo para os motoristas (a partir das cortesias de alguns postos de combustíveis) e, após a filmagem, oferecer gratificação para os atores profissionais e técnicos envolvidos. 

O Salão Comunitário de São Luiz, totalmente cedido pela Associação de Moradores, foi transformado em Base de Produção Cinematográfica. Ali foram organizados dois almoxarifados: o dos Figurinos (sob os cuidados da Gesiane Martins) e o dos objetos cenográficos (cujas responsáveis eram a Eliane Lemos e a Diana Chris). Ali aconteceram reuniões e a cozinha estava sempre com movimentação de pessoas se alimentando e outras preparando os alimentos. A Edite Silva cuidou deste espaço, auxiliada por vários outros voluntários. 

Campanhas de alimentos, como aquelas feitas em Vargem do Cedro, sob a liderança de Valburga F. Heinzen, garantiam a dispensa da Base sempre cheia. As doações vinham de todas as partes. Algumas senhoras ofereceram refeições para a trupe em suas próprias casas. É o caso de Zonilde R. Berkenbrock, Dika Berkenbrock Rosa, Marlene B. Inocente, Bernadeth Berndt, Sandra e Estelita Rech Eller. Restaurantes, Lanchonetes e Pousadas também ofereceram refeições e hospedagem. 

D. Bárbara abdicou da privacidade de sua residência para que as gravações ocorressem ali. Foram vinte dias utilizando aquela casa e propriedade para locação de filmagens, praticamente nos três períodos. 

Muitas outras pessoas foram chamadas (inclusive com o apoio da Igreja e dos meios de comunicação) para participar das gravações com ‘multidões’. Foi o caso daquele registro do ‘Cortejo Fúnebre’ realizado em Baixo Rio Gabiroba, no município de São Martinho, onde fora montada a Vila Cenográfica (mais de 500 pessoas); e aquele da “Procissão de Corpus Christi’, gravada na avenida central de Imaruí (mais de 300 pessoas). 

Muita gente, especialmente da comunidade, visitava a Base em São Luiz para conhecer o trabalho, conhecer os atores, saber do projeto ou, simplesmente, ‘curiosar’. Além de turistas e devotos de Albertina que chegavam à localidade, a produção do filme deixou o lugar bem mais movimentado. Havia um clima de alegria e de expectativa no ar... 

Era edificante perceber a dedicação de tantos: o cuidado com os atores mirins (crianças e adolescentes), o trabalho na Base, sob um calor quase insuportável, e na sua cozinha, onde sempre havia o que fazer... 

O exercício de gravação revelou-se mais lento do que o previsto, pois a maioria dos atores e cooperadores era de não-profissionais. Cada cena era gravada até cinco vezes, explorando todas as possibilidades, visando escolher sempre a melhor performance. Com isso, um certo cansaço foi se abatendo sobre vários participantes: alguns precisaram retornar para compromissos pessoais (estudo, saúde), familiares (viagens de férias) e profissionais (para viabilizar suas pendências financeiras). 

Todavia, outros voluntários foram chegando, de modo que, no início de fevereiro, os trabalhos de filmagem chegaram ao fim. Então, passou-se à desprodução de todo o espaço utilizado. 

Imaruí e São Martinho têm muitas boas histórias para contar a respeito de tudo o que aconteceu naquele verão de 2020. A comunidade compreendeu que, com a contribuição de cada um, sonhos podem ser realizados e, até mesmo algo que parecia impossível, como fazer um longa-metragem, pode ser viabilizado quando todos se permitirem somar esforços com os de outros mais. Como reza aquela máxima: ‘só o amor constrói’; então, podemos concluir que ‘o egoísmo destrói’

Evidentemente que, apesar dos abnegados participantes da Sopa, muitos outros habitantes da região permaneceram totalmente indiferentes ao processo. De fato, muita gente, talvez, ainda não compreendeu a grandeza do que foi feito em São Luiz. Mas, as gerações que vierem, terão muito de que se orgulhar da obra de arte que foi realizada pela comunidade. 

O pano de fundo de tudo isso foi o desejo de levar ao mundo inteiro a história de vida e de fé cristã de Albertina Berkenbrock. Este objetivo nunca será atingido se, a partir de nossas próprias vidas, não a levarmos sempre conosco, aprendendo com a Santinha, a vivermos em comunidade aquela fé que alimenta nosso coração.


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