(01/09/2018)
Acho que nunca
esquecerei aquele brilho nos negros olhos daquela criança. E nem de seu sorriso
casto ao me abraçar com toda a sua força pueril. Mas, sobretudo, não olvidarei
suas palavras: “EU TE AMO, JESUS!”. Fiquei tocado interiormente com aquela
declaração de afeto, enquanto observava a menina que corria feliz para junto
dos seus pais.
Os noticiários
estão repletos de reportagens e notas sobre os pecados da Igreja e dos seus
filhos e filhas. Diante disso, muitos cristãos se sentem perseguidos ou
confusos na própria fé.
Por outro lado,
também o sonho patriótico de construirmos um país com “ordem e progresso” –
compreendido numa perspectiva para além da filosofia positivista – vai se
desmoronando no coração da nação.
Estas são
algumas das cenas de nossas vidas enquanto a história se desenrola no palco da existência.
A sensação é de que tudo é tão automático, mecânico!... E os dias vão
passando... tudo vira rotina!
Mas, como
cristãos, marcados com o selo batismal, não podemos nos entregar a esta
letargia. É preciso acordar deste sono doentio. Sim, hoje Jesus está nos
chamando incansavelmente para que sejamos suas testemunhas. “Vós sois sal da
terra... e luz do mundo!” (Mt 5,13-14).
É preciso que
todos assumamos a nossa missão cristã. A “Igreja em saída” sonhada e exigida
pelo Papa Francisco não é uma invenção de nossos dias. É uma urgência que
brotou do coração de Jesus: “Ide por todo o mundo, anunciai o Evangelho...” (Mc
16,15).
Nossa presença
na sociedade precisa ser diferenciada, pois o Senhor “nos chamou e nos dotou
com uma vocação santa” (2Tim 1,9). Precisamos retornar ao “primeiro amor” (Apoc
2,4) e “reavivar o dom da graça de Deus em nós” (2Tim 1,6).
O cristão é
chamado a ser “outro Cristo” em meio à dinâmica da história. Isso é, realmente,
muito exigente. Mas não podemos renunciar à missão que nos foi confiada. O
anúncio do Reino de justiça, de esperança, de fraternidade... não pode esperar.
Podemos ajudar as pessoas a perceberem os sinais do Reino já em nossas
famílias, em nossos organismos pastorais, em nossas comunidades... E rezar para
que aconteça na Terra, como é no Céu (Mt 6,10).
Todavia, em
primeiro lugar, eu e você devemos nos deixar envolver por Ele, Jesus, que nunca
se afasta de nós. Tão perto de nós Ele está, que chegou ao ponto de vir habitar
em nosso coração. Somos morada do Senhor! Então, Ele nos acompanha não somente
ao lado, mas interiormente. De modo que podemos citar São Paulo: “já não sou eu
que vivo, é Cristo que vive em mim” (Gál 2,20).
Foi nisso que
pensei quando aquela menininha veio me segredar no ouvido: “EU TE AMO, JESUS!”.
Eu represento Jesus! As pessoas podem “ver” Jesus em mim! Isso é ser cristão! Isso
é tremendo!
Diante dos
desafios contemporâneos que nos desafiam e ameaçam nos intimidar, permaneçamos
firmes na fé. Afinal de contas, “nada pode nos separar do amor de Cristo” (Rom
8,35-39). Às vezes “somos afligidos, mas não aniquilados” (2Cor 4,9).
Sintamo-nos
abraçados por Jesus que nos diz: “EU TAMBÉM TE AMO. DOU-TE A MINHA VIDA POR
AMOR!” (cf Jo 10,15).
Pe. Auricélio - Jornal Diocese em Foco - Setembro/18
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