Segurando firme
na grande mão do avô lá vão os dois, caminhando à beira da estrada, cuidar dos
animais no campo. O menino caminha seguro e ávido por novas experiências junto
da natureza; está certo de que o seu avô sabe tudo e lhe protegerá em qualquer
situação. O homem maduro, acompanhado do neto de cinco anos, sente-se o homem
mais feliz e o mais amado do mundo!
Na rotineira
visita ao campo o homem ajudará a criança a desvendar os mistérios do solo, da
água, das pastagens, dos pequenos e grandes animais... Mas o menino sapeca e
curioso também partilhará suas riquezas: devolverá ao coração do avô mais
jovialidade, disposição, alegria, esperança e capacidade de sonhar mais e mais!
Além de lhe permitir colocar aquele sorrisão no rosto!
Um dia Deus
pegou cada ser humano pela mão e caminhou com ele e lhe disse: “És meu! És meu
filho amado! Eu que te gerei!”... e lhe prometeu: “Estarei contigo todos os
dias de tua vida... em qualquer situação!” (cf Sl 2,7; Hb 1,5 e Mt 28,20).
Com a chegada da
pós-modernidade o ser humano tem vivido mais fechado em seu próprio mundo
interior. Não que essa viagem de retorno para dentro de si signifique que a
pessoa deseja conhecer-se mais para poder ser mais feliz! Não que ela queira
envidar esforços interiores para poder renascer, renovar sua maneira de encarar
as diversas situações existenciais! Não que o ser humano deseje perscrutar a
Deus que habita no âmago do seu coração! Não! Infelizmente, não!
Em nossa
civilização hodierna as pessoas têm se fechado em seus medos e inseguranças, em
seus saberes medíocres, endeusando-se a si mesmas!... Há uma resistência à
abertura para os outros, para as novidades e desafios da vida, por um real
conhecimento de si mesmo.
O ser humano
parece não precisar mais de ninguém, nem de Deus! Percebemos isso nas
dificuldades em formar e despertar novas lideranças, em reunir os Grupos de
Famílias, em encampar novas tarefas missionárias... Todos parecem andar muito
ocupados com suas próprias coisas.
Todavia, nem
tudo está perdido! Ainda encontramos muitas pessoas dispostas à aventura da
vida fraterna: que se abrem para fazer a experiência de caminhar juntas, de
desvendar os mistérios da vida em comunidade, de “saborear” a solidariedade, o
amor e a misericórdia! Há muita gente que sabe silenciar seu próprio coração
para escutar a Deus e para ouvir o coração do outro ser humano. Assim, elas
mesmas, de mãos dadas com Deus e com os irmãos, acabam por se autoconhecerem
mais profundamente.
Neste Ano da
Misericórdia o Papa Francisco nos desafiou a sonharmos com um mundo de irmãos,
já que todos habitamos a mesma Casa Comum. Convocou-nos para fundarmos uma nova
sociedade baseada no respeito mútuo, como grande “obra de misericórdia”. Sim, o
Jubileu passou!... mas as moções que o Espírito suscitou dentro de nós precisam
continuar frutificando e gerando vida! Seremos sempre testemunhas da
Misericórdia!
Chegou o Ano
Mariano e, com ele, o convite para aprendermos com Maria a segurarmos nas mãos
de Deus. Do jeito como cantamos naquela antiga canção: “Segura na mão de
Deus... pois ela te sustentará! Não temas, segue adiante... e vai!” As estações
litúrgicas do Advento e do Natal nos recordam que Deus veio caminhar no meio da
humanidade... veio caminhar conosco... segurando firme a nossa mão!
Alegres e
decididos como aquele menino que caminha de mãos dadas com o seu avô por essas
estradas da vida, deixemo-nos conduzir por Deus! Há muito o quê aprender com
Ele! Ele olha para nós com Amor Misericordioso e compreende que, muitas vezes,
não passamos de crianças pueris e travessas. Mas Ele sabe que cresceremos. Na
verdade, é Ele que vai crescendo dentro de nós! Como ensinou São Paulo: “Já não
sou eu quem vive; é Cristo que vive em mim!” (Gál 2,20).
Pe. Auricélio
Costa – Reitor do Santuário de Albertina
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