Ela não descansa enquanto
não sentir que tudo está bem com os filhos e com a família. Ela não encontra
sossego enquanto não arrancar alguma palavra ou um olhar do filho que se fechou
em si mesmo. Ela é quem mais se sente tolhida na liberdade quando um filho seu
está amarrado às drogas, às más amizades, aos amores insanos... E dela a dor
mais profunda quando sente que seus rebentos estão lhe escapando por entre os
dedos... perdendo-os...
Todavia, é nela que se
pensa quando se quer conceituar o Amor! São seus atributos que reconhecemos no
coração de Deus: amoroso, acolhedor, misericordioso, criador, pacificador,
paciente... Sim, estamos falando da MÃE! Os poetas e pretensos poetas encontram
lindas e profundas palavras e expressões para definirem a pessoa da Mãe. E o
fazem muito bem!
Deus, ao criar a
humanidade, “criou-os homem e mulher”. E tudo era muito bom! O masculino e o
feminino de Deus se manifestam harmonicamente em toda a Criação. No momento
crucial do Plano de Salvação da humanidade, o Autor da Vida escolheu uma mãe
biológica para seu Filho Amado. E encontrou em Maria de Nazaré o “ninho”
perfeito para aconchegar o Unigênito Salvador. Deus não procurava apenas um
“ventre”, mas uma “pessoa”... digamos: um CORAÇÃO!
Foi assim que a Igreja
ganhou uma MÃE. E, ao longo dos séculos, ela tem sido presença vigorosa para
ajudar seus filhos na caminhada cristã. Uma presença catequética, que
recorda-nos sempre a necessidade de não esquecermos do Senhor: “façam tudo o
que meu Filho lhes disser”! Uma presença encorajadora e ousada que nos permite
permanecermos firmes e fortes, mesmo quando as perseguições tentam nos
intimidar. Uma presença profética e livre que nos convida a exclamar: “O
Poderoso fez por mim maravilhas!... derrubou os poderosos de seus tronos e os
humildes exaltou!”.
A Igreja possui uma MÃE
que não a abandona, porque a Igreja é o Corpo Místico do seu Filho. Não há
Herodes, nem Pilatos, nem dragão, nem nada que pode arrancar seu Jesus (a
Igreja!) de seus braços.
É por isso que, neste Ano
Santo do Jubileu da Misericórdia, o Papa Francisco a intitula “Mãe da
Misericórdia” e nos convida a redescobrirmos “a alegria da ternura de Deus”. E
justifica: “ninguém como Maria, conheceu a profundidade do mistério de Deus
feito homem. Na sua vida, tudo foi plasmado pela presença da misericórdia feita
carne. A Mãe do Crucificado Ressuscitado entrou no santuário da misericórdia
divina, porque participou intimamente no mistério do seu amor.” Como Arca da
Aliança, “guardou, no seu coração, a misericórdia divina” (cf MV 24).
Maria é testemunha da
Misericórdia do Filho de Deus: ela o viu acolher tantos pecadores, transformar
suas vidas, dizer-lhes “vai em paz, teus pecados estão perdoados” e, por fim,
aos pés da cruz ouviu as palavras-testamento do Senhor: “Pai, perdoa-lhes! Eles
não sabem o que fazem.”. “Maria atesta que a misericórdia do Filho de Deus não
conhece limites e alcança a todos, sem excluir ninguém” (idem).
Maria, em todas as suas
Aparições ou devoções populares é sempre aquela que nos aproxima do Amor
Misericordioso de Deus. A Senhora da Piedade, padroeira de nossa Diocese de
Tubarão, nos revela que Deus vai até às últimas consequências, até à morte...
até ao inferno... por nós!
Na imagem peregrina da
Senhora Aparecida, que está visitando nossas paróquias, percebemos a
solidariedade amorosa de Deus com o seu povo sofrido e excluído e atribulado.
Assim como outrora, lá nas margens do Rio Paraíba, em São Paulo, ela foi sinal
de que Deus permanece junto dos seus filhos amados, também hoje, aqui entre
nós, ela se revela ÍCONE DA MISERICÓRDIA. E como ícone, não atrai a nossa
atenção para si mesma, mas para o seu Jesus! É para Ele que ela quer nos
conduzir, pois somente Ele é a própria Misericórdia!
Eis a nossa querida Mãe
Maria! Como todas as mães deste mundo, repleta de Amor, com razões que somente
o coração materno pode compreender. Incansável em nos levar a Jesus!
Pe. Auricélio
Costa – Reitor do Santuário de Albertina
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