Desde que, na hora derradeira, dependurado no madeiro de morte, Jesus pronunciou as palavras “Pai, perdoai-lhes, pois não sabem o que fazem” (Lc 23,34), o coração humano pôde sentir um alento especial.
Jesus passou a
vida fazendo o bem. Ninguém como Ele apreciava tanto a arte de viver. Percebia
a pulsação da vida em seu corpo, nas pessoas de sua comunidade lá em Nazaré, no
contato com a natureza. Encantava-se em contemplar a florzinhas do campo, as
sementes que o agricultor depositava na terra, o orvalho matinal que refrescava
as madrugadas e molhava a relva, com a alvorada e o ocaso de cada dia, com os
rebanhos pastoreados por dedicados pastores... Ele amava viver! Não é de se
admirar que tenha resumido sua missão nas palavras “Eu vim para que todos
tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo 10,10)!
Pessoas de todos
os lados vinham até Jesus para ouvi-Lo, porque suas palavras eram carregadas de
amor, lhes dava um sentido para lutarem e viverem e sonharem. Os gestos de
Jesus eram de acolhida, de interesse pelo outro. O Deus ao qual buscava e
servia era a própria Vida! Daí sua indignação diante das injustiças, da miséria
social, da mundanidade religiosa... do “fermento dos fariseus”.
No alto da cruz,
porém, suas palavras revelam o segredo do seu coração: Misericórdia! Sim, o
amor que perdoa!... o amor que restaura!... o amor que converte!...
“Perdoai-lhes!”
Hoje, ao
vivenciarmos os dias da Quaresma, dentro do Ano Santo da Misericórdia, sentimos
o apelo do Senhor que nos pede: “sejam misericordiosos como o Pai” (Lc 6,36)!
Purificando-nos de nossos pecados, de nossos “fechamentos interiores”, da
rigidez de nosso coração... um novo jeito de viver se descortina à nossa
frente. Trata-se da vida proposta por Jesus! Isso que é a Páscoa!
Somos chamados a
ser perdoadores, porque fomos perdoados; acolhedores, porque o Senhor nos
abraça a cada dia; amantes da vida, porque Ele partilha sua Vida conosco;
promotores do Reino, porque Seu Reino é de amor, de justiça e de paz. O cuidado
com a Criação (especialmente com a ecologia humana) seja expressão do
acolhimento da Misericórdia que o Senhor nos oferece na cruz.
Obrigado, Senhor
Jesus! Carregando o madeiro, carregaste nossos pecados. Erguendo-Te, depois das
três quedas, caminhas para o Calvário. E nos ensinas que precisamos perseverar
sempre. A recompensa será a Redenção. Tua Divina Misericórdia é a Tua própria
vida. Ajuda-nos a sermos misericordiosos e a construirmos relações mais
fraternas entre nós. Amém!
Pe. Auricélio
Costa – Reitor do Santuário de Albertina
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