Desde
criança, juntamente com as primeiras orações, descobri as tais jaculatórias. Eu
gostava delas porque eram curtas, davam ritmo às orações e continham certa
melodia. “Jesus, Amigo das crianças, abençoai as crianças do mundo inteiro!”; “Nossa
Senhora da Saúde, dai saúde aos doentes!”; “São Cristóvão, protegei os
motoristas!”; “Graças e louvores se dêem a todo momento...!”; “Enviai, Senhor,
operários à Vossa messe...!”; “Nós Vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e Vos
bendizemos...!”
Entre tantas outras,
tínhamos aquelas jaculatórias ao Coração de Jesus: “Sagrado Coração de Jesus,
modelo do Coração Sacerdotal, santificai os sacerdotes!”; “Jesus, manso e
humilde de Coração, fazei o nosso coração semelhante ao Vosso!” e “Sagrado
Coração de Jesus, nós temos confiança em Vós!”
Essas pequenas orações contêm
teologia e devoção popular. E, assim, desde cedo, fomos descobrindo que
“conversar” com Deus não é coisa difícil. De fato, a iniciativa de encontrar-se
com Deus não partiu do desejo do coração humano. Pelo contrário, foi pura e
absoluta vontade do Criador. Ao procurar as criaturas – que criou “à sua imagem
e semelhança” – quis revelar-lhes seu coração, seus propósitos, seus sonhos...
abrindo seu coração divino. Nem sempre foi fácil aos homens compreenderem a
profundidade deste Amor; e quantas vezes a humanidade não correspondeu a este
Coração apaixonado e zeloso do Pai!
A Bíblia, toda ela,
está repleta de negativas do homem ao projeto de Deus. E, também, das consequências
para a vida pessoal, para a comunidade e para toda a Criação “que geme e chora
como em dores de parto”! Por outro lado, a misericórdia de Deus sempre O moveu
na direção da acolhida do homem para restaurá-lo, recriá-lo, amá-lo! Esse
movimento, que acontece através do Espírito Santo, é ininterrupto.
Agora, nos encontramos
no limiar de um novo Ano Santo, o Jubileu Extraordinário da Misericórdia! E o
seu início se dará no dia 08 de dezembro vindouro, na festa da Imaculada
Conceição! Sim, sensível aos impulsos do Espírito, o Papa Francisco nos convida
a mergulharmos na intimidade do coração de Deus, um coração misericordioso.
Vivemos numa sociedade
que não sabe mais ser misericordiosa. Os corações estão se fechando, e este
processo desemboca na morte do amor, do altruísmo, da oblação. Com medo de
tudo, dos outros e de si mesmos, tais corações enveredam por um processo
suicida, pois somente o Amor pode dar sentido à nossa existência. É o Amor que
nos leva a cultivarmos relações sadias que promovem confiança, solidariedade e
felicidade!
Neste mês do Coração de
Jesus, deixemos que a Misericórdia divina tome conta de nossa vida. Sejamos
misericordiosos também! Com certeza, muita gente, então, fará a experiência de
sentir-se amada e acolhida por Deus, através dos nossos gestos de amor!
Aquelas jaculatórias
que a gente aprendeu desde criança ainda permanecem ecoando em nossa dinâmica
mental. E com o salmista, podemos recitar-rezar “Eterna é a Sua misericórdia”
(Salmo 136). Ou aquela jaculatória que evoca o oferecimento que Jesus Cristo
fez de Si mesmo, visando alcançar a misericórdia do Pai para nós: “Pela Sua
dolorosa Paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro!” Sim, “porque
eterna é a Sua misericórdia”!
Pe. Auricélio Costa
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