No
final do ano passado o Papa Francisco nos presenteou com a Exortação Apostólica
Evangelii Gaudium. Trata-se de um daqueles Documentos que não podem permanecer
guardados na estante “para quando der tempo”!
Logo
no início do texto o Papa instrui: “A Alegria do Evangelho enche o coração e
a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus... Quero convidar (os
cristãos) para uma nova etapa evangelizadora marcada por esta alegria...” (EG, 01).
Estamos todos na
mesma barca: a barca de Pedro, isto é, a barca de Jesus! O Espírito Santo tem
nos impulsionado para sermos no mundo testemunhas da Boa Nova. Há uma “urgência
evangelizadora” que precisa ser assumida por cada cristão e por nossos
segmentos pastorais. Temos sido chamados e provocados através dos tantos apelos
que ecoam de nossa sociedade tão sofrida e fragilizada. É neste mundo
dilacerado por tantas dores que nós devemos dar a nossa resposta de fé.
O Papa chama de
“desertificação espiritual” este fenômeno de querermos construir uma sociedade
sem Deus e sem os valores cristãos. Realidades que antes observávamos apenas lá
longe de nós, nos países ricos, já as temos aqui nos bairros de nossas
paróquias.
O ser humano
continua sedento e caminha a esmo em busca de qualquer fonte d’água. E é nestes
momentos de profunda crise existencial que propostas estranhas ao Evangelho
encontram guarita no coração dos desalentados. Então, qualquer bebida fresca
surge como promessa para saciar as “sedes” profundas do coração humano. É nesta
hora que muitas pessoas abandonam a comunidade de fé, esquecem-se dos
sacramentos, renegam o Batismo e deixam a Igreja.
Francisco ilumina esta realidade com uma citação de Bento XVI: «é precisamente a partir da experiência deste deserto, deste vazio, que podemos redescobrir a alegria de crer... No deserto, é possível redescobrir o valor daquilo que é essencial para a vida; ... há inúmeros sinais da sede de Deus... E, no deserto, existe sobretudo a necessidade de pessoas de fé que, com suas próprias vidas, indiquem o caminho para a Terra Prometida, mantendo assim viva a esperança».
Se
os desafios são inúmeros, forte é a nossa esperança! Sabemos que o Senhor vai
caminhando ao nosso lado. Precisamos nos auxiliar uns aos outros no cumprimento
de nossa missão batismal. Cremos que, depois da Quaresma e da Semana Santa,
teremos a celebração da Páscoa! E nós somos testemunhas da Ressurreição! É como
cantaremos na Campanha da Fraternidade: “É para a liberdade que Cristo nos
libertou!” (Gl 5,1).
É
urgente anunciar Jesus e a sua Boa Nova. Ele é a “água viva” que pode saciar a
sede do coração humano; e não há outra! Pelo Batismo que recebemos, tornamo-nos
“pessoas-cântaros” para dar de beber aos irmãos. Sim, somos portadores deste
precioso tesouro que é Jesus! Que o Espírito nos inunde de Jesus a ponto de
transbordarmos Sua presença divina em nós. Que bela figura o Papa foi resgatar
para nos recordarmos de nossa missão: “pessoas-cântaros” (EG, 86). Francisco
também nos adverte que, “às vezes, o cântaro transforma-se numa pesada cruz”. Todavia,
foi na cruz que do coração traspassado de Jesus surgiu uma fonte inesgotável de
água viva!
Ao
iniciarmos o novo ano pastoral, deixemos o Senhor nos transformar em
instrumentos do amor... em “cântaros” transbordante de Jesus!
Pe. Auricélio
Costa – Promotor Vocacional
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