MARIA, OBEDIÊNCIA QUE PRO-VOCACIONA



É comum ouvirmos um certo adágio popular que reza assim: “pedido de mãe é ordem”. Neste mês de maio muito refletiremos sobre o papel da mãe em nossa vida e a homenagearemos de inúmeras formas. De fato, por nove longos meses fomos gerados e gestados no ventre de nossa genitora. A partir desta experiência fundante, viveremos cada dia de nossa existência ligados física ou psico-afetivamente àquela mulher que chamaremos de “mãe”. E não há nada de mal nisso, pois tudo foi providenciado pelo Bom Deus!

De nossas mães recebemos tudo que precisamos para crescer: o afeto, o leite materno, as primeiras lições de sociabilidade, de sobrevivência... O seu papel materno nos influenciará profundamente na construção de nossa estrutura psicológica. Isto é, o que somos hoje se deve muito ao que recebemos de nossa mãe!

Ao vir ao mundo, tendo chegado o tempo, o próprio Deus quis fazer a experiência de ter mãe. A jovem Maria, de Nazaré, foi a escolhida. Coube-lhe a missão de gestar em seu ventre o Salvador. Ela lhe deu educação para que se tornasse um homem maduro; ela providenciou todas as necessidades primárias de Jesus!

Realmente, Maria não poderia ser uma “mulher comum”, para que lhe fosse confiada tarefa tão grandiosa: educar “o Rei dos reis, o Senhor dos senhores, o Salvador”. E ela teve êxito em sua missão. Defendeu e acompanhou o seu menino em todas as etapas da vida d’Ele. E O seguiu até o Calvário... e mais, até a Ascensão!

Ninguém como Maria para conhecer tão profundamente Jesus! É por isso que coube a ela o papel de instigar Jesus a iniciar a Sua missão, realizando o primeiro sinal. E foi lá em Caná, numa festa de casamento. As presenças de Maria e Jesus encheram de Graça aquela festança. O milagre da transformação da água em vinho encheu de bênção toda aquela família.

Por iniciativa de Maria não somente Jesus é chamado a responder diante de uma necessidade que surgira: a falta de vinho. Ela vai chamar os servidores de bebida: também eles devem colaborar para que a festa continue. “Façam tudo o que Ele lhes disser” (Jo 2,5). O tom de Maria é imperativo. O pedido da mãe de Jesus soa como uma ordem de alguém que sabe o que é melhor para o seu Filho (e para todos os “demais filhos”).

Hoje, ainda, Maria continua chamando cada um de nós para colaborarmos com o seu Filho e a Igreja d’Ele. Isto significa que nossa vocação passa também pela figura de Maria. Somos chamados a ser obedientes a Jesus e, consequentemente, obedientes à Maria. “Obedecer na fé” é uma resposta que damos a Deus (1Rm 1,5). E Maria é o mais perfeito modelo de realização deste conselho evangélico. Precisamos cultivar em nós este dom para que sejamos sempre mais obedientes e, assim, vivamos na paz. Pois, como diz aquela máxima: “quem obedece não peca”.

Percebemos, hoje, muita dificuldade em obedecer. Os pais reclamam da educação que eles mesmos deram aos seus filhos. Mas, na verdade, o mundo todo passa por profundas transformações e estamos vivendo no império do “eu” narcisista. Há uma grande indiferença para com as questões coletivas, não obstante tantos sinais de solidariedade que brotam pelas nossas comunidades. Maria nos ensina a termos uma atenção redobrada diante dos novos desafios que encontramos: é preciso escutar bem para podermos dar uma resposta coerente. Como ela mesma buscou ter clareza da missão que o Anjo lhe revelara: “Mas como isso vai acontecer?” (Lc 1,34).

Ao homenagearmos nossas mães da Terra, não nos esqueçamos de contemplar a figura de nossa Mãe do Céu. Ela nos ensina a termos sensibilidade e solidariedade para com as necessidades alheias. Ela nos convida (e nos provoca) a envolvermos mais pessoas no processo de construção do Reino de Deus. Ela, primeira discípula-missionária, nos desafia na tarefa missionária, permanecendo sempre perto de nós, como mãe-mestra-intercessora! E nos diz: “Façam tudo o que Ele lhes disser”.

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